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  • Os cuidadores e sua importância para o sistema de saúde


  • Apesar de serem fontes de informação e apoio, com frequência eles não têm acesso a informações relevantes sobre o estado do paciente.

O número de pessoas no Brasil que trabalham se dedicando aos cuidados de indivíduos acima dos 60 anos subiu de 3,7 milhões em 2016 para 5,1 milhões em 2019, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 

É possível que os dados já não cubram a dimensão do trabalho realizado.

Nos Estados Unidos, existem 10 cuidadores familiares que não são remunerados por suas tarefas para cada cuidador profissional, que é remunerado.

Há aproximadamente 50 milhões de pessoas que desempenham a profissão de cuidador de um familiar sem remuneração.

Muitos nem sequer se dão conta de que desempenham tais funções, apesar de auxiliar pais ou avós.

Foi o que me levou a assistir ao seminário “Family caregivers: critical members of the care team” (“Cuidadores familiares: membros fundamentais da equipe de cuidados”). 

Nancy LeaMond, vice-presidente executiva da AARP, a associação norte-americana que é formada por 38 milhões de aposentados, é responsável pela área que acompanha as políticas públicas voltadas para os 50 mais. 

LeaMond argumenta que, como 61% dos domicílios dependem da renda do casal para se manterem estáveis, quando uma das pessoas tem que largar o emprego para se tornar cuidador, a situação financeira sofre um baque:

“Em termos macroeconômicos, o custo direto do trabalho não remunerado dos cuidadores familiares nos EUA é de 44 bilhões de dólares (o equivalente a 226 bi de reais), quantia que o país perde por ano. Cerca de 650 mil vagas deixam de ser preenchidas e 800 mil indivíduos enfrentam o problema do absenteísmo, porque não conseguem conciliar suas atividades domésticas e profissionais”.

LeaMond declarou que lá, assim como aqui, a função de cuidador  é uma atribuição feminina: 60% dos cuidadores são mulheres; 30% são millenials (os nascidos entre 1980 e 1995); e 10% passam dos 75 anos! 

Na grande maioria, quem ainda consegue fazer parte da força de trabalho recebe menos que seus pares, justamente porque as obrigações em casa impossibilitam dedicação integral à carreira.

O ponto mais importante da sua apresentação foi sobre seu papel para o bem-estar dos familiares:

“Suas responsabilidades compõem um arco abrangente: de ajudar em atividades do dia a dia, como preparar refeições, a tarefas complexas de enfermagem. São parceiros da maior relevância para o sistema de saúde: garantem a administração dos medicamentos, checam efeitos adversos, se encarregam do pós-operatório da pessoa. No entanto, com frequência a equipe de saúde não lhes dá acesso a informações relevantes sobre o estado do paciente”.

Esse é um problema que com o passar dos anos só vai crescer com o envelhecimento da população e o aumento do número de casos de doenças crônicas. 

Robyn Golden, vice-presidente de serviço social e saúde comunitária da Rush University, em Chicago, declarou que os cuidadores convivem com uma série de fatores de risco para seu bem-estar, como estresse, isolamento e depressão, e a sociedade e os governos deveriam reconhecer seu valor:

“Cuidadores são fontes de informação e apoio e têm que ser acolhidos pelo time de saúde, para poderem construir e ampliar novas habilidades”.